terça-feira, 25 de setembro de 2007


Estado Judaico Acusado de Racista

O presidente sírio, Bachar al-Assad, na abertura da cimeira árabe, em Amã, acusou a sociedade israelita de ser «mais racista do que os nazis».
A cimeira árabe de Amã, Jordânia, começou na terça-feira com uma violenta intervenção do presidente sírio, Bachar al-Assad.
«A sociedade israelita é mais racista do que os nazis e todos os cidadãos árabes o dizem», declarou o dirigente sírio, citado pela Lusa, sublinhando que não existe «qualquer diferença entre os dirigentes israelitas, de (Yitzhak) Shamir a (Ariel) Sharon», o actual primeiro-ministro.
«É preciso não cair na armadilha que consiste em ligarmos as nossas causas às pessoas» que são eleitas em Israel, acrescentou, lembrando que Sharon subiu ao poder
«por vontade do povo israelita, que continua igual, racista e extremista».
Na opinião do presidente Assad não é necessário dar uma «oportunidade» a Sharon, como apelaram os EUA e a União Europeia após a sua eleição em 6 de Fevereiro. «Sharon é geralmente classificado como homem de massacre, um homem que detesta os árabes, e é verdade que ele detesta os árabes», disse Assad, interrogando de seguida:
«Qual é o objectivo de (lhe) dar uma oportunidade? Para que ainda mais árabes sejam mortos ou para que estes façam a partir de agora concessões?»
Na sua intervenção, o presidente sírio instou os árabes a desenvolverem «os instrumentos de acção comum», a «manterem posições constantes» em relação ao Estado judaico, que não devem depender das mudanças de governo em Israel, e alertou para a necessidade de não transformar a cimeira «num muro das lamentações».

Pouco espaço para o diálogo
A referência ao «Muro das lamentações», local sagrado do judaísmo em Jerusalém, não foi casual. De acordo com o projecto de resolução final da cimeira, os dirigentes árabes advogam a rotura de relações com os países que reconheçam Jerusalém como capital de Israel, ou que aí instalem as suas embaixadas.
O documento recorda a propósito «as resoluções das cimeiras árabes de Amã em 1980, Bagdad em 1990, e Cairo em 2000», em que aquela posição é defendida, e reafirma a fidelidade dos dirigentes árabes «às resoluções do Conselho de Segurança sobre Jerusalém (...) que tem como caducas todas as disposições tomadas por Israel para alterar o estatuto desta cidade».
A tensão voltou entretanto a subir entre israelitas e palestinianos na sequência da morte
de uma bébé de um ano em Hébron, Cisjordânia. Um comunicado de Ariel Sharon acusa a Autoridade Palestiniana de «responsável pela violência e pelo terrorismo» que resultou segunda-feira na morte da criança, filha de um colono que foi igualmente atingido. As autoridades militares dizem que o crime foi cometido «a sangue frio», sem que se tivessem «registado provocações» da parte israelita, e acusam «um membro dos serviços de segurança da Autoridade palestiniana, porque são os únicos entre os palestinianos a disporem de espingardas com miras telescópicas».
Na sequência desta dramática ocorrência, Israel decretou um bloqueio e o recolher obrigatório em Hébron.
A radicalização de posições está a deixar cada vez menos espaço para o diálogo, e sem diálogo não será possível chegar à paz.

Quinze criticam Israel
Os Quinze países da União Europeia (UE), reunidos na Cimeira de Estocolmo, reconheceram a dramática crise económica em que se encontram os palestinianos e criticaram implicitamente Israel pela situação.
Na sua tomada de posição, os Quinze apelam a «outros doadores internacionais para que se unam à UE e se comprometam a apoiar financeiramente o pressuposto palestiniano», sublinhando por outro lado a necessidade de «Israel pôr fim às medidas de isolamento dos palestinianos e proceder aos pagamentos atrasados» que deve àquela autoridade.
As autoridades israelitas interromperam o pagamento dos impostos aos palestinianos após o começo da nova intifada, em Outubro último.
Os líderes europeus pedem ainda às autoridades palestinianas que «adoptem sem demora um orçamento de austeridade e medidas eficazes para lutar contra a corrupção e melhorar a transparência democrática».
Afirmando a sua intenção de desempenhar um papel mais activo no processo de paz no Médio Oriente, os Quinze encarregaram Javier Solana, representante da Política Externa e de Segurança Comum da União Europeia, de apresentar, «o mais tardar no Conselho Europeu de Gutemburgo» (em Junho), as possibilidades da UE «jogar um papel maior na renovação do processo de paz» na região.
A deliberação encarrega ainda Solana de continuar «em estreito contacto com todas as partes» envolvidas no conflito, enquanto os Quinze se comprometem a colaborar com Israel, a Autoridade Palestiniana, os EUA e outros parceiros internacionais na procura de uma solução «que permita pôr fim à violência e voltar à mesa das negociações».

«Avante!» Nº 1426 - 29.Março.2001

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